Ontem e hoje todas as emissoras de TV, rádio e os jornais impressos estão divulgando
o manifesto Basta à Violência. Como não poderia deixar de ser, li o documento hoje lá no
Manhã de Notícias.
O manifesto é importante, mas por si só não resolverá a questão. Como jornalista, devo prezar sempre pela informação e pelo esclarecimento do meu leitor/espectador. Todos nós temos que cobrar das autoridades uma solução para este caos urbano em que vivemos.
Mas parece que tem gente que não consegue enxergar isso, colocando a imprensa no mesmo balaio dos políticos corruptos. Infelizmente passei por isso na segunda-feira,
quando fui cobrir uma assembléia no Sindicato dos Estivadores. Tinha resolvido que não deveria dar importância suficiente ao fato para comentá-lo aqui, mas descobri que o acontecimento apenas reflete uma posição de parte da população, mesmo que seja de uma minoria.
Passei boa parte da assembléia de pé, acompanhando os trabalhos da diretoria do sindicato. O meu chefe, que é intimamente ligado às questões da Estiva, também esteve lá por um determinado tempo e me chamou para sentar ao lado dele na primeira fileira do auditório. E, por incrível que pareça, a minha postura foi vista como errada por um dos trabalhadores presentes.
“
Você é muito folgado! Como senta assim na casa do trabalhador, todo folgado? Aqui não é a tua casa! É bom respeitar!” disse um tal de
Mazinho, nome que pude identificar pela camisa que ele usava. Como estava sentado da mesma forma que sempre faço, olhei com reprovação e continuei no mesmo lugar que estava.
Fui àquela assembléia justamente para noticiar e divulgar a opinião dos próprios estivadores com relação à implantação da escala eletrônica, coisa que outros veículos de comunicação têm feito de forma parcial, ouvindo mais o lado patronal. E mesmo assim sou visto como vilão!
Penso que toda a sociedade deve entender a importância da imprensa. Reuniões em sindicatos não incomodam ninguém, mas essas reuniões podem gerar um bom mal-estar se virarem notícia em TVs, rádios e jornais.
É importante que exista respeito de todos os lados. É fácil criticar criminosos se nós mesmos não obedecemos às leis ou contribuímos ainda mais pra que as coisas continuem como estão. E, acima de tudo, parte da população tem que entender que precisa da imprensa para ter força para reivindicar e dos políticos para conquistar as mudanças conjunturais.
Agora pode ser a hora de mudar alguma coisa. Ou de mergulhar definitivamente na escuridão.