Vertigo

quarta-feira, agosto 16, 2006

Basta à violência

Ontem e hoje todas as emissoras de TV, rádio e os jornais impressos estão divulgando o manifesto Basta à Violência. Como não poderia deixar de ser, li o documento hoje lá no Manhã de Notícias.

O manifesto é importante, mas por si só não resolverá a questão. Como jornalista, devo prezar sempre pela informação e pelo esclarecimento do meu leitor/espectador. Todos nós temos que cobrar das autoridades uma solução para este caos urbano em que vivemos.

Mas parece que tem gente que não consegue enxergar isso, colocando a imprensa no mesmo balaio dos políticos corruptos. Infelizmente passei por isso na segunda-feira, quando fui cobrir uma assembléia no Sindicato dos Estivadores. Tinha resolvido que não deveria dar importância suficiente ao fato para comentá-lo aqui, mas descobri que o acontecimento apenas reflete uma posição de parte da população, mesmo que seja de uma minoria.

Passei boa parte da assembléia de pé, acompanhando os trabalhos da diretoria do sindicato. O meu chefe, que é intimamente ligado às questões da Estiva, também esteve lá por um determinado tempo e me chamou para sentar ao lado dele na primeira fileira do auditório. E, por incrível que pareça, a minha postura foi vista como errada por um dos trabalhadores presentes.

Você é muito folgado! Como senta assim na casa do trabalhador, todo folgado? Aqui não é a tua casa! É bom respeitar!” disse um tal de Mazinho, nome que pude identificar pela camisa que ele usava. Como estava sentado da mesma forma que sempre faço, olhei com reprovação e continuei no mesmo lugar que estava.

Fui àquela assembléia justamente para noticiar e divulgar a opinião dos próprios estivadores com relação à implantação da escala eletrônica, coisa que outros veículos de comunicação têm feito de forma parcial, ouvindo mais o lado patronal. E mesmo assim sou visto como vilão!

Penso que toda a sociedade deve entender a importância da imprensa. Reuniões em sindicatos não incomodam ninguém, mas essas reuniões podem gerar um bom mal-estar se virarem notícia em TVs, rádios e jornais.

É importante que exista respeito de todos os lados. É fácil criticar criminosos se nós mesmos não obedecemos às leis ou contribuímos ainda mais pra que as coisas continuem como estão. E, acima de tudo, parte da população tem que entender que precisa da imprensa para ter força para reivindicar e dos políticos para conquistar as mudanças conjunturais.

Agora pode ser a hora de mudar alguma coisa. Ou de mergulhar definitivamente na escuridão.

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Não tenho o que comentar, além de dizer que concordo em gênero, número e grau. Você já disse tudo! hehe :)


:*

16 de agosto de 2006 às 13:12  
Anonymous Anônimo said...

Concordo quando você diz que a imprensa é importante para mostrar à população o que acontece de certo e errado. Mas há jornalistas e jornalistas, assim como em toda e qualquer profissão. Acho que cabe ao leitor/espectador filtrar tudo o que vê/ouve e tirar daí sua opinião. Qto aos políticos, acho que a melhor forma de mostrar nossa insatisfação é não votar em nenhum.

Bjs

16 de agosto de 2006 às 17:17  
Anonymous Anônimo said...

Passando só pra constar, não li o post porque era grande e amanhã eu vou viajar cedo (e preciso dormir), mas prometo passar aqui várias vezes.

beijos

17 de agosto de 2006 às 00:27  
Anonymous Anônimo said...

É... Mas já faz tempo... e nda muda!

EU LI TD =P
Mas eh raro eu fazer isso huahauuhauauha

17 de agosto de 2006 às 00:50  
Anonymous Anônimo said...

Eu entendo vc Renan, seu ponto de vista e concordo com muitas coisas.
Mas assim, lendo o texto, parece que vc se sentiu ofendido pelo trabalhador ter reprovado a sua postura, e a partir daí, vc escreve o texto como quem diz, "olha, eles precisam da imprensa, estou fazendo divulgação e me tratam assim?!", como se fôsse um favor.
Talvez nem tenha sido a sua intenção, mas parece.
Existe um ditado que diz, "a gente dança conforme a música". Seria a mesma coisa que eu ir toda de salto, arrumadinha e maquiada, fazer uma matéria na Favela da Rocinha. Se vc estava entre os trabalhadores, talvez não precisasse ficar de pé toda hora, mas sentasse um pouquinho e depois se levantasse, sei lá.
Se bem que não posso dizer qual era a sua postura, pq eu não estava lá.
Mas veja, é só um palpite e um ponto de vista.
Tudo o que eu sempre quis fazer na minha vida, desde que fui estudar jornalismo, era trabalhar para o social, ou seja, dou muita importância para pessoas que fazem o que vc fez e pensam como vc!
Por isso, só pela sua intenção, te admiro bastante!!
Beijocas!!

17 de agosto de 2006 às 23:29  
Blogger Renan said...

Tárcia, eu estava de pé junto com outros trabalhadores, num canto da sala. Eu também estava tirando fotos pra um projeto, por isso também precisava ficar de pé para poder procurar os melhores angulos.

E vc não entendeu direito o que quis dizer. O que disse é que fazer barulho entre eles não adianta muito. Se a reunião via notícia em jornais, rádios e TVs, passa a incomodar os patrões. Isso sim vai gerar atitudes mais efetivas. Não disse que fiz um favor, e sim que tomando esse tipo de atitude eles ficam sem algo importante para a própria luta, que é a divulgação. Eu voltaria lá sem nenhum problema, mas uma atitude dessa poderia afastar um veículo de comunicação para sempre.

Ali dentro do sindicato eles são apenas massa de manobra da diretoria, que é muitas vezes ineficiente e engana os estivadores.
O problema não foi meu modo de existir em si, e sim pq não tenho cara de estivador, pareço mais um dos patrões que eles tanto odeiam. Pode ser que isso levou o cara a ter algum preconceito, sei lá.

Se vc ver o post do dia 14 vai perceber que eu me importo muito com aquela classe e que me preocupo com os rumos que estão tomando.

17 de agosto de 2006 às 23:36  
Anonymous Anônimo said...

Sim, eh verdade, dá para entender também a sua explicação... mas se eu não tivesse comentado aqui, vc não me explicaria e eu ficaria pensando errado!
Ou seja, são formas diferentes de interpretação!!
Mas chega por hoje, né?!...rs.
Beijux!!

17 de agosto de 2006 às 23:44  

Postar um comentário

<< Home